sábado, 14 de fevereiro de 2009

Mobilidade: conheça 5 tendências que mudarão nossas vidas até 2010, por Brian Nadel, editor do Computerworld, de Framingham

Framingham – De poderosos netbooks e smartphones a baterias turbinadas e redes sem fio mais velozes, saiba como será a mobilidade até 2010.
Os últimos dois anos foram animadores para a mobilidade, com o surgimento dos netbooks, das redes 4G e dos primeiros smartphones sem keypads. Os próximos dois anos pode ter como destaque um grupo de novas tecnologias que devem tornar as pessoas que se deslocam mais produtivas.
No ano passado, pela primeira vez, os notebooks venderam mais do que os desktops, de acordo com a iSuppli, empresa de análise de tecnologia, mostrando que o movimento para um estilo de vida móvel está a caminho. "É só o começo" observa Steve Kleynhans, vice-presidente da Gartner. “Os anos de 2009 e 2010 serão grandes para a mobilidade, com importantes avanços que afetarão o que carregamos, como trabalhamos e nos divertimos."
De pequenos e mais poderosos notebooks e smartphones turbinados a baterias que funcionam melhor, saiba como o cenário de mobilidade vai se transformar até 2010.
Netbooks de alta capacidade
Entre as boas surpresas de 2008 destacou-se o avanço dos netbooks, que saíram de uma boa idéia de marketing para registrar vendas de 14 milhões de unidades, de acordo com a DisplaySearch. Mas mesmo que esses pequeninos notebooks funcionem bem como um segundo ou terceiro computador, eles ainda pecam na performance necessária para um sistema básico de trabalho.
A questão da performance deve apresentar mudanças rápidas este ano, quando os netbooks começarem a embarcar os chips dual-core da linha Atom, da Intel, que começam a chegar aos fabricantes.
"2009 será o ano do netbook" explica Kleynhans da Gartner. "Eles serão pequenos e leves o suficiente para serem levados a qualquer lugar e poderosos o suficiente para executarem a maior parte dos trabalhos”. Adicionar um segundo núcleo computacional, na avaliação de Kleynhans, não dobrará a capacidade do sistema, mas o novo chip Atom deve elevar a capacidade geral dos pequenos netbooks em cerca de 50% trazendo-os ao nível dos principais sistemas de mercado.
As placas gráficas dos netbooks também apresentarão melhorias. A Intel se aliou à Nvidia para empacotar o acelerador gráfico GeForce 9400M – o mesmo usado nos novos notebooks MacBook Pro, da Apple – em CPUs Atom.
Os netbooks também estão na mira da AMD, que planeja se concentrar na computação ultraportátil com a família Athlon Neo de processadores com um e dois núcleos e placa de vídeo ATI Radeon para facilitar o trabalho de decodificação e exibição de vídeos em alta definição.
A Via, fabricante do processador C7 que a Hewlett-Packard usa na linha Mini-Note 213, está redesenhando o C7 como processador de dois núcleos. Rebatizado de Via Nano, o chip estará disponível entre o final deste ano e o início de 2010 com uma vantagem que os concorrentes da Intel e da AMD não estão oferecendo nesta área de processadores: criptografia total de dados armazenados no hardware.
Ainda há um lado negro na nova geração de netbooks turbinados: os novos chips consomem de 6 a 8 watts de potência, o que representa o dobro do consumo atual. "Isto afeta a duração da bateria”, diz Kleynhans.
Poder de gerenciamento mais agressivo pode compensar o consumo de energia, mas deve gerar baterias mais pesadas ou com menor tempo de duração, o que afeta o conceito de mobilidade dos netbooks.
Discos em estado sólido
O disco rígido mecânico já sinaliza que pode virar relíquia. Os discos em estado sólido, ou SSDs (Solid-state drives) consomem menos energia do que os HDs convencionais e podem ler e gravar dados de forma mais rápida, além de serem quase indestrutíveis.
"A memória flash é o futuro da computação" disse Brian Beard, gerente de marketing do segmento de memória flash da Samsung. Em 2010, segundo ele, os SSDs representarão 30% do mercado de armazenamento móvel no mundo, registrando a venda de 10 milhões de drives de memória flash.
Discos rígidos trabalham melhor quando os dados são mantidos juntos, mas se os dados forem fragmentados, eles demandam preciosos milissegundos para serem localizados. Já os SSDs são tão rápidos que a proximidade dos dados não faz muita diferença.
Os novos drives de flash irão duplicar a performance dos antigos SSDs" explica Beard. "Será o ter o equivalente a ter um HD de 15 mil rpm em seu netbook.”
No entanto, ainda não é hora de descartar seu disco rígido. Os fabricantes do setor vem anunciado drives tradicionais com diversos gigabytes de memória flash. "Os drives híbridos aproveitam o máximo da memória flash" destaca Joni Clark, gerente de produtos da Seagate Technology. "Eles são quase tão rápidos quanto os SSDs, mas são muito mais baratos." Discos híbridos com até 256 Megabytes de cache onboard estão disponíveis hoje e prometem elevar a performance de armazenamento de dados em até 30% na comparação com os HDs tradicionais, afirma o executivo da Seagate, que pretende lançar um disco híbrido de 4 Gigabytes até o final deste ano e tem um modelo de 15 GB em seus planos.
Além disso, uma nova tecnologia ainda pode transformar a forma como os dados são armazenados em discos rígidos, nos aproximando da era dos terabytes em 2010. A tecnologia heat-assisted magnetic recording (HAMR) pode trazer nova vida aos discos rígidos adicionando um poderoso laser às cabeças magnéticas de leitura e gravação dos discos rígidos para elevar a densidade dos dados e a performance.
Baterias melhores
Os próximos dois anos reservam mudanças na área de baterias de lítio, que hoje movem quase todos os eletroeletrônicos, de tocadores de música e celulares a notebooks e câmeras. O primeiro passo para a mudança será dado no final deste ano, com o advento das baterias de células de energia, que não se desgastam após alguns anos de uso.
Limpar uma bateria com ânodos de carbono puro ajuda a prevenir a criação de camadas de enfraquecimento de energia e a prolongar a duração da bateria. De acordo com Christina Lampe-Onnerud, CEO da fabricante de baterias Boston Power, o design de sua bateria Sonata dura por mais de 1.400 ciclos de carga, que representa três ou quatro vezes mais do que a capacidade das baterias atuais, ou quatro anos de cargas diárias.
Além disso, Segundo a companhia, a Sonata pode ter 40% de sua capacidade carregada em menos de 10 minutos e 80% em 30 minutos. "A bateria pode ter uma carga rápida no aeroporto ou na espera de uma reunião" afirma Lampe-Onnerud.
A HP planeja oferecer as baterias da Boston Power no final deste ano com a marca Enviro e três anos de garantia – os modelos atuais oferecem até 90 dias ou um ano.
O tempo de carga das baterias também apresentará avanços nos próximos dois anos. O professor de ciências de materiais da Stanford University, Yi Cui, tem trabalhado em ânodos de baterias com nanofios de silício, que são mais finos do que fios de cabelo e mais eficientes do que o carbono. “Meu objetivo é criar uma bateria que dure um dia inteiro", diz Cui.
Em 2010 as baterias ainda podem ser literalmente descartadas. Por mais estranho que pareça, os notebooks e outros dispositivos podem ser carregados por células de combustível que convertem metanol em eletricidade, deixando para trás apenas água e dióxido de carbono. Diversos fabricantes de notebooks tem trabalhado há anos refinando protótipos de células de combustível e a Panasonic parece estar mais perto de ser bem-sucedida. O modelo de células de combustível da empresa tem uma duração prevista de 10 anos e é praticamente do mesmo tamanho das baterias tradicionais, mas pode funcionar durante 20 horas com pouco mais de 140 mililitros (cinco onças líquidas) de metanol.
Online em qualquer lugar
Imagine ter acesso com velocidade de 3 Megabits por segundo (Mbps) em redes sem fio independente de onde estiver e você terá uma ideia do potencial das redes 4G. A tecnologia não apenas permitirá que você baixe grandes apresentações, toque vídeos sem soluções ou faça até videoconferências móveis, mas execute todas essas atividades ao mesmo tempo.
"O WiMax é uma grande vitória para os negócios", explica Daryl Schoolar, analista sênior da consultoria In-Stat. "Você poderá se conectar e trabalhar remotamente como se estivesse no escritório. Essa tecnologia funciona, mas o desafio é a cobertura."
Atualmente, o WiMax já pode ser encontrado, mas apenas se você é um dos clientes selecionados pela Telefônica para os testes realizados com as redes no bairro dos Jardins, em São Paulo. Os Estados Unidos não estão tão na frente assim: apenas as cidades de Baltimore e Portland já oferecem planos pela operadora Clearwire.
A operadora afirma que planeja oferecer o serviço em outros mercados, como as cidades de Atlanta, Boston, Chicago, Dallas, Filadélfia e Las Vegas ainda em 2009. Até o final do ano, promete Benjamin Wolff, CEO da Clearwire, mais de 140 milhões de norte-americanos terão acesso a redes WiMax.
Mesmo incipiente, o WiMax está na liderança das novas tecnologias de acesso urbano, mas tem um competidor global no horizonte: as redes Long Term Evolution (LTE) que oferecem, na teoria, uma performance técnica melhor. Nos Estados Unidos, as operadoras Verizon, T-Mobile e AT&T já testam a nova tecnologia.
Caso haja sucesso nas tentativas, 2010 deverá ser o ano em que serviços do tipo estreiam. A operadora escandinava TeliaSonera já vem estudando a possibilidade de oferecer o primeiro plano comercial de LTE ainda em 2009 em Oslo.
A escolha eventual para consumidores deverá estar entre duas opções: ou esperar o WiMax chegar à sua região e sacrificar seu uso quando se está fora do país ou esperar dois anos (ou mais) pelo LTE.
Smartphones mais inteligentes
Eles podem não ficar menores do que já são, mas os smartphones se tornarão muito mais inteligentes nos próximos dois anos.
Qualquer pessoa frustrada com a falta de um teclado real no iPhone, por exemplo, adorará telas que chegarão ao mercado nos próximos anos. Embora o atual teclado não deva desaparecer, espere por novos designs de aparelhos que enfatizam o toque.
A mudança está na resposta positiva da tela em contato com o dedo, de forma que o usuário pode ter algum tipo de confirmação ao "apertar" o botão virtual. Tanto o BlackBerry Storm como o Anycall, da Samsung, usam som e vibração para emular o feedback, mas com um efeito que será desprezível frente às novidades que virão.
A ideia na prática não é tão maluca como parecer ser na teoria. Por exemplo: a Nokia recentemente pediu a aprovação de uma patente para a Haptikos Tactile Touch Screen, sistema que conta com um filme fino e flexível por cima da tela do aparelho. Por baixo dele estão milhões de nanotubos que se elevam pouco acima da superfície quando uma voltagem é aplicada para criar qualquer coisa, de um switch a um slider para controle de volume.
Como os nanotubos estão conectados eletricamente, eles podem ser programados para se mexerem rapidamente em um teclado ou de maneira mais lenta em um controle de volume. Eles também podem sentir pressão, algo que os torna switches muito eficientes que podem ser arrumados da maneira que o usuário quiser na tela.
O desenvolvedor sul-coreano Lukas Koh apresentou um protótipo de celular chamado Haptic Phone, que usa o conceito. Com uma tela flexível que muda em relação ao que o usuário está fazendo, o telefone faz com que a interface vá além de apenas mostrar imagens, oferecendo botões físicos onde o usuário pode clicar.
Em outras palavras, botões "emergem" da superfície da tela do aparelho para discagem de números, digitação de textos ou para selecionar o ícone do programa desejado. Quando você os pressiona, explica ele, eles cedem da mesma maneira que os botões de plástico.
Outras tecnologias incluirão melhores câmeras em celulares. A Sony Ericsson, por exemplo, começará a produzir em abril um módulo fotográfico que dará aos aparelhos a capacidade de tirar fotos com até 12,3 megapixels, algo que aproximará o celular de uma câmera fotográfica semiprofissionais.
Além de imagens com até 4.040 pixels por 3.032 pixels, aparelhos que usarem o módulo farão filmes em alta definição com até 1.080 linhas de resolução. Ainda não há a confirmação de nenhum aparelho que use o dispositivo - rumores dão conta que a Samsung anunciará o primeiro durante o 3GSM, que começa em Barcelona na próxima semana.

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